“Passarinho que anda com morcego acorda de cabeça para baixo.”
O Passarinho aqui já devia saber disso quando a morcegada me convidou para um treininho as 5 da manhã na USP.
“Mas porque precisa ser tão cedo?” _ de TPM ainda querendo mudar o horário que mais de 30 ciclistas se reuniam para treinar.
Eu sou super do dia, mas levantar quando ainda está escuro parece contra a ordem biológica do meu organismo. Estava instalado o caos e não era apenas pelos suficientes indícios acima relacionados.
“Eu acho que não vou dar conta! Eu voltei aos treinos agora.”
“Imagina Luli! Lógico que irá aguentar mesmo porque amanhã será só giro.”_ com uma segurança convincente minha amiga Karina me incentivava.
***Abre parênteses
Na rotatória da usp:
_ “Vai para o meio?” _ um ciclista para o outro referindo se ao meio Ironman.
_ “Sim, vou! Hoje só estou dando um girinho!”.
A criatura que estava dando um “girinho” me passou a 45 km por hora.
Fecha parênteses ***
Estar de TPM, não dominar a bicicleta, pedalar com três mulheres que tinham acabado de descer do pódio e mais uns 30 homens...Onde eu estava com a cabeça?
Mesmo porque só a TPM já era motivo suficiente para ter ficado em casa. Se é que vocês me entendem.
Mas contra todos os sinais, acordei às 4.30 da noite, e na companhia de Aninha e Alex segui para o campus.
A cidade universitária às 5 da manhã é uma festa. Lotada de grupos de ciclistas, atletas, entusiastas que se reúnem para treinar em boa companhia. Eu estava feliz ali no meio girando e esperando que o grupo todo se reunisse e estivesse pronto para partir.
Não demorou muito o pelotão se formou.
Para a minha surpresa um dos meninos vem para o bolo e diz;
_ “Hoje as meninas que irão puxar.”.
Eu não sei se isso foi um bom ou um mau sinal, porque logo as meninas tomaram a dianteira do grupo e quiseram mostrar seus super-poderes. O caso é que eu tinha deixado os meus em casa, nos primeiros duzentos metros já estava esbaforida, mas felizmente a primeira subida consegui acompanhar. O odometro marcava quase 40 quilômetros por hora. Ai me veio o flashback. “Estou só dando um giro.”
A segunda subida foi o tiro de misericórdia. Já fui passada por todo o grupo e quando cheguei à rotatória, pacientemente um dos meninos do grupo me esperou e deu um grito de incentivo:
_ “Vamos agora é descida e a gente junta de novo.”.
Nisso eu me vejo sozinha sem saber onde estava. Sim, eu conheço a USP como a palma da minha mão, mas com o esforço e a escuridão me senti acordando numa casa diferente. Sabe a sensação de onde estou? Como vim parar aqui? Demorou alguns segundos para que me localizasse. Fim de treino.
Foi esse o treino que durou com muita boa vontade 7 minutos. No meio da escuridão fui atrás da humildade que não tive para perceber que passarinho não está e talvez nunca esteja preparado para voar como morcego.
Voltei chorando para casa “Eu quero minha mountain bike!”.
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