A noite na van foi estressante, eu pouco dormi. Tive ataques de panico sentindo falta de ar angustiada com a largada que estava marcada para as 5.30 da manhã em águas gélidas. Durante a noite confesso que repensei na competição; comparando o sofrimento com as longas provas de aventura.
Ainda no escuro a Pati me acompanhou de onibus até a largada. O visual a
beira do lago era algo de emocionar, o céu rosado anunciava o dia de sol, por
trás das montanhas de contornos escuros refletidas no lago. O pórtico
emoldurava o visual.
Simone, um dos organizadores da prova, do fã clube da equipe cor de rosa
aproximou se:
_"Como vocês estão? Espero que estejam bem e preparadas, hoje é a
etapa rei, a mais dificil da competição! Quem vai fazer a bike de
estrada?"
Esquecendo meu medo de entrar na água gelada: _"A Dri! Porque? a
Dri vai morrer?"
"A Dri vai morrer!"
Sem que eu pudesse descobrir mais detalhes do percurso foi dada a
largada, eu fui uma das últimas a entrar na água, tentando ignorar um Suiço que
reclamava da baixa temperatura da mesma. "Fala sério amigo! Eu sou
brasileira e você vem dizer para MIM que a água tá gelada?"
Sorte que devido a temperatura da água o percurso foi reduzido pela
metade e a Phelps aqui achando que tinha nadado 3 k em 30 min. Mas melhor
entrar na água achando que tem que nadar 3 e nadar apenas 1,5k.
Na transição para a bike de estrada, eu não quis dizer nada para a Dri.
Simplesmente a abracei tentando tranferir minha energia: "Boa sorte Dri!
Te amo!"
A etapa Rei, não era apenas dura em perurso, era complicadíssima em
logística também. Dali pegamos o carro para outra cidade. Dessa cidade, eu
deveria pegar o trem para outro local e a Pati ainda deveria levar minha bike
para outra transição. Separação total da equipe.
Começamos a ficar desconfiadas que a Dri demoraria muito mais que o
previsto quando conversamos com outras equipes sobre o percurso e previsões.
Enquanto esperava a Dri fui até um restaurante comer e dar uma
entrevista para um repórter de um dos jornais do país. (veja a reportagem aqui)
Após 7.40h de pedal a Dri chegou chorando! Pedalou 121 k Subiu 33 k e
2650 de altitude. Se a etapa o dia era o rei, a Dri era a Rainha, guerreira e
durona (mesmo chorona) garantiu que continuássemos na prova.
Saí para o patins. O acumulado da distancia já começava a ser sentido
nos músculos específicos da modalidade. Freiar já não era mais um mistério e
nem uma vontade; eu rezava nas descidas porque já não tinha mais vontade de
parar.
O visual era maravilhoso, uma estrada sinuosa ao lado de um lago azul
turquesa margeado por enormes montanhas rochosas. Cheguei para a transição
patins / mountain bike encontrando a Pati que me ajudou na troca, eu
continuaria na prova, uma mudança de estratégia que tínhamos adotado na véspera
para poupar um pouco a Dri.
Minha estréia no mountain bike, com pouco treino especifico entrei para
a subida interminável (1500m) cheia de vontade. Descobrimos que mudar de
modalidade e músculos fazia bem! Seguia acompanhando o lindo lago azul
turquesa, pedalava emocionada! Viva!
Curti tanto a subida quanto a descida e após 3.40h de pedal a Dri já um
pouco recuperada de seu pedal de 7.40 entrou para o último trecho de corrida.
A chegada da equipe mesmo tardia (por volta das 11 da noite todos os
dias) já começava a ser bem esperada e comemorada. O DJ já sabia que tinha que
colocar uma musica animada porque o trio se juntava para a dança de comemoração
de mais uma conquista. A Etapa Rei tinha ficado para trás!
Um comentário:
Muito show !!! Tirem muitas fotos !!! Essa aventura pode virar um livro !!! por favor, por favor, por favor !!!! hahahaha bjks
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