Uma semana antes da prova:
_ “Relaxa!”
_ “Estou relaxada.”
_ “Está nervosa?”
_ “Não!”
Depois de deixar a Dri deitada
mais minutos na maca, a enfermeira voltou novamente para tirar seu pulso e
constatou que realmente em repouso o seu coração dá 80 batidas por minuto. Resumindo
e concluindo o diagnóstico médico do check up geral ela não deveria passar de
180 batidas por minuto em treinos e provas. Pelo menos estamos treinando
corrida, que talvez seja o esporte de melhor condicionamento para baixar e
regular o ritmo cardíaco.
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Dois dias antes da prova:
- “Então...”
Quando as frases da Dri começam
assim é que vem bomba:
_ “Eu esqueci...”
_ “A meia? O tênis? A camiseta?”
Não! Ela tinha esquecido de
pagar a inscrição da prova.
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O dia fatídico:
Lá fomos nós três para a
competição: Dri, Bia que está de molho depois do Ecomotion e foi nos acompanhar
de máquina fotográfica em punho e eu.
Doze quilômetros de corrida de
montanha em Santo Antonio do Pinhal, uma pequena volta na cidade e a corrida já
tomava o rumo para o topo do Pico Agudo, local aonde decolam as asas delta e
paragliders.
O plano era corrermos juntas o
tempo todo.
A Dri conseguiu uma vaga na
prova curta de 8k mas ela avisou a organização que faria a de 12. Estamos
treinando para uma competição em setembro que será em dupla, então ali seria o
nosso laboratório, descobriríamos nossas diferenças e aproveitaríamos para
ajustar nossos ponteiros.
Largamos! A Dri ditava o pace e
seguia preocupada em não passar o seu limite imaginário de esforço. Sim,
imaginário porque ela não estava usando frequencímetro:
- “Ai Luli meu coração deve
estar a 192 bpm.”
Nossa vivência em provas longas
de dupla já torna momentos como esse engraçado. Uma já sabe como a outra
funciona, não precisamos nos adaptar, nossa cumplicidade tá ali, nosso ajuste é
natural.
Seguimos nos ajudando e quando
dava até conversávamos, mas no minuto que começou a subida e ficou mais difícil
falar, a altitude e o esforço nos calaram da metade da prova em diante.
O percurso da prova foi bem
variado com asfalto, estrada de terra e trilhas técnicas, íngrimes e estreitas.
No topo do mundo terminou a nossa prova! Valeu Dri!
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Alguns minutos pós prova:
Aquele tumulto no Pico dos
voadores. Os atletas disputavam um espaço na van que levava todos de volta à
cidade. Foi o suficiente para a Dri e eu nos entreolharmos:
_ “Moço, quantos quilômetros até
a cidade?”
_ “Sete.”
Imediatamente descemos trotando pela
estrada num ritmo tranquilo. Aí sim colocamos o assunto em dia. No final do
nossa corrida, já na cidade, tínhamos quase 20 km no currículo da manha de
domingo! Que delícia!
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Vários minutos pós prova:
_ “Vamos ver a classificação?”
Surpresa: venci na minha categoria!
Se não fosse a inscrição da Dri na prova curta ela teria ficado com o segundo
lugar.
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Dri, muito obrigada por ser
minha eterna dupla. Competir com você é muito mais leve e divertido! Eu não sei
viver sem você, mana! Que venham muito mais provas, e mais; que venha a
Transalpine! Biazita, muito obrigada pela companhia deliciosa e incríveis fotos!
Obrigada patrocinadores que
tornam tudo melhor; New Balance com seus tênis incríveis de trilha, Sigvaris
Sports a meia de compressão salvou nossas panturrilhas na subida! Suunto e Neaf!
Fiquem ai!